terça-feira, 29 de maio de 2012

Z.

...



como o grito do gavião de B.
em V.
voando de encontro à capela,
o latido do cão que atropelei
em Z.
quer dizer
este seu último lugar que ele não saberá
simbolizado em letra e ponto simultaneamente
final e de abreviação (de sua vida),
símbolo desse ser que me viu chegar a si
como um deus terrível e saudou-me com um latido,
assim como o gavião de B. saudou com um grito
aquele deus benevolente que lhe roubava a alma
para aprisioná-la – eternizá-la? dádiva? – em palavras.

oxalá nossos próprios deuses sejam mais que os deles.





Nota: baseia-se no poema O Gavião, de Yves Bonnefoy, que pode ser encontrado, entre outros, em http://www.culturapara.art.br/opoema/yvesbonnefoy/yvesbonnefoy.htm
...

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