quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Transcriação do Canto I, de Ezra Pound

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Amigos, segue abaixo o movimento 1, do meu poema longo antes intitulado “Caiçara”, agora “Oito Mares”. O poema começará c o movimento 8, conforme postei anteriormente, e daí seguirá em ordem arbitrária, seguidora de símbolos. Sobre o movimento 1, cabe dizer se tratar de transcriação minha do canto I dos Cantares de Ezra Pound, por sua vez uma “tradução” do Canto XI de uma tradução latina da Odisséia. Escolhi recriar os versos livres anglo-saxônicos originais em decassílabos heróicos, à maneira de Camões – em se tratando de épicos, a fonte clássica em nossa língua. O primeiro verso, um in media res, verti-o em seis sílabas.

O texto original de Ezra Pound pode ser cotejado aqui:


E os primeiros movimentos q publiquei, de Oito Mares, aqui:



E descemos à nau,                                          
Quilha à rebentação – omnimar afora –            
E firmamos o mastro, à nave a vela
Fúnebre a velar, reses embarcamos                   
Junto com nossos corpos enlutados,                
E assim o vento em popa impeliu-nos              
Com lonas plenas, às artes de Circe,                 
Corte-cerce, devido. Então sentados,                
Meia-nau, vento oprimindo leme, a toda                       
Vela varamos o mar até o fim                          
Do dia. Ido o sol a pique – sombras sobre       
O vasto oceano –, viemos dar ao chão             
Das águas mais profundas, no limiar                
Das terras cimm­erianas, de cidades                  
Povoadas encobertas por nevoeiro                   
Palmado, virgem do brilho heliônico                
Ou longa luz constelar, e, se volve                    
Da via-láctea olhar, a mais umbra noite             
Trazida sobre homens desgraçados.                 
À baixa da vazante demos ao                           
Sítio predito por Circe, local                             
Onde ambos realizaram seus rituais,                 
Euríloco e Perímedes, e, de                              
Meu flanco fina lâmina sacando,                                   
Cavei buraco cúbito; vertemos                         
Libações a um e todos os que se                                  
Foram, primeiro vinho doce, pós                                                        
Hidromel, e farinha branca de                          
Mistura à água. Então orei eu orações               
Às exangues cabeças dos cadáveres;                 
Tal qual estéreis touros dos melhores               
Imolados em Ítaca, oblações                            
Empilhadas na pira, uma só rese                                             
A Tirésias, ovelha-guia e escura.                        
Negro sangue escorreu no fosso; do                
Érebo, almas, os mortos putrefatos:                 
Jovens, noivas e velhos que penaram                
Em demasia; manchadas almas com                
Lágrimas novas, tenras virgens, muitos             
Moços passados à ponta de longas                  
Lanças brônzeas, espólio de excessiva              
Guerra; portando o aço de vermelho                
Turvado, esses e tantos outros me
Cercaram. Aos gritos, por mais bestas,
Lívido, exortei; gado massacrado,
Reses assassinadas, orei, untado
O bálsamo aos eternos – ao potente
Plutão, e louvei Prosérpina; a espada
fina desembainhada, sentei para
afastados manter os mortos em
ímpeto sem potência, até que me
fosse dado escutar Tirésias. Mas
antes apareceu Elpenor, amigo
de todos, insepulto Elpenor, ao
mundo lançado, membros que deixamos
na morada de Circe, nu e sem pranto
no sepulcro, outras lides necessárias.
Espírito abismado. Então em fala
Apressada eu gritei: “Elpenor, vieste
Como, tu, a esta costa escura dar?
Vieste a pé, excedendo aos marinheiros?”

E ele em grave discurso: “Azar e muito
Vinho. Veio-me à feiticeira morada
De Circe Hípnos. Abaixo distraído,
Na longa escadaria, bati de encontro
À pilastra, parti o crânio – a Avernus
A alma. Mas tu, meu Rei, imploro, lembrai
De mim, assim sem pranto, sem uma cova:
Empilha minhas armas, seja a tumba
À beira-mar e inscrito: malsinado homem,
E sem nome possível. E meu remo
Entre amigos usado finque acima.”

Depois chegou Anticléia, a quem repeli,
E então Tirésias, que, reconhecendo-me,
Áureo bastão nas mãos, antes falou:
“Pela segunda vez? Por quê? Rei de
Maus fados, enfrentando os sem sol
Finados e suas tristes regiões? Sai
Do fosso, para que prove do sangue
E a ti profetizar eu tenha como.”
E eu retrocedi, e ele, saciada
A sede, disse então: “Retornarás,
Odisseus, por ódioceanos Netuno
Vertidos, companheiros, todos eles,
Perdidos.” Depois do que Anticléia  
Veio. Repousa Pound, digo, Ezra Pound,
In officina Rapallo, 19xx, transcriado de Andreas Divus.
E ele velejou, por sereias e daí
Adiante e sempre até alcançar à Circe.
Venerandam, na de Creta expressão,
Com a coroa de ouro, Afrodite,
Cypri munimenta sortita est,
Alegre, orichalchi, com dourados
Cintos e faixas nos seios, tu, com pálpebras
Negras a levar o ramo de ouro
Do Argicida, de modo que: 

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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Oito Mares

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Amigos, eis abaixo o link onde vcs encontrarão os dois trechos iniciais de meu poema longo, intitulado "Oito Mares". Trata-se de um work in progress - um poema cosmogônico e total atlântico-caiçara - q provavelmente constituirá o meu segundo livro. Espero q apreciem!

https://drive.google.com/file/d/0B8fd9G3qzIQDU2dVNG1SQmN5cGM/edit?usp=sharing

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