domingo, 3 de abril de 2011

à meia-noite

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À meia-noite aterrorizavam-me as aranhas de nervos sob suas pálpebras cerradas.
Queria matá-las à força de esfregar a sombra azul da sua máscara,
de arrancar-lhes as pernas cílio por cílio –
seu sono dava-me solidão.
Queria não ter calculado a soma da minha inexistência em seus incontáveis piscares,
instantes de treva cuja inconsciência lhe poupava náuseas
(e pensar que julgava não dormir de dia para ter um bom sono na madrugada),
poupava-lhe o conhecimento das sombras que ancoravam as cidades na terra,
dos haustos que consumiam libidinosamente a atmosfera,
das horríveis pupilas que já teriam exaurido quantos sóis,
condenado à umbra quantas vidas?


À meia-noite – tão trêmula a sombra da maquiagem em seus olhos-tarântula;
as aranhas que em seu silêncio e em minha ânsia racionalizavam-se sono REM,
serão removidas com o inseticida da sua vulva adormecida –
você dormirá tranquila –
a manhã será outro dia.
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2 comentários:

Quintal de Om disse...

Aterrorizam-me as claridades que meus olhos todas vê, que a escuridão quando adormece e tenho pesadelos.

Meu carinho, Fábio.

Fábio Romeiro Gullo disse...

Olá, Sam, minha leitora fiel,

Agradeço d+ suas leituras, elas próprias poemas. Um único companheiro de viagem como vc já vale todos os meus esforços poéticos :-)

Um bj p vc

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