sábado, 13 de agosto de 2011

flores de plástico

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..
Niágara ex-salino,
mar em queda:
chove,
e os objetos sem Oceano
sanguíneo –
compostos de plástico –
dão tanta dó, mãezinha, que,
apesar da redundância de lág
rimas em dias cinzas,
tornam impossível não chorar
para dentro
ao menos:
umas gotas, brigas; outras, poesia
(um poema que me colocasse no olho da rua
equivaleria a uma bala perdida?) –,
involuntária contribuição ao nau
frágil desta arca umbí(b)lica...

Por que você não as pôde parir
da sua placenta de polímero obscuro?

Serão os sonhos (night)mares noturnos?

O drible que o Neymar inventou,
paizinho:
Garrincha se revirou no túmulo;
o Rei decretou: gol de placa.
Claro;
mas,
ob
serve:
as bombas, exercícios, acessores, suplementos alimentares –
cor(o)ação arti(o)fic[tíc]ia-l na capa da Veja,
“Reymar”,
rymos à beça, lembra?
da dygnidade do poeta
querendo rymar Neymar
com mar...

O poeta acre
dita, porém:
a imagem de um Buda em posição de lótus
sustenta a poesia.
(Leia-se: uma imagem qualquer em posição de lótus
[sus]tem[ta] a poesia.
Releia-se: uma imagem qualquer
[sus]tenta a poesia.)

Entre eu e o real,
vozinho, tu
do: roupas, pa
redes, telas, óculos –
palavras até –,
ou nem isso:
essas coisas também reais.

O vivo um lab
ir
into
que desaparece quando algo, ali,
desiste de en
cont[r]ar a saída (que inexiste).

Já dizia a falecida vózinha, otimista como (o para) sempre
(o tempo faz mais sentido aos domingos):
a próxima geração não sentirá saudHades da Mãe Natureza, meu filho;
a próxíma geração não saberá distinguir plástico de placenta.
.
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