domingo, 12 de junho de 2011

carta aos filósofos distraídos

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artistas vivem no horizonte
e são feitos de abismos,
essa escuridão que pulsa,
pulsa como um coração
de dentes e diz:
mudez é nudez da emoção:
algo esfria no íntimo e cala
perante o sorriso da solidão;
olhares vazam o nada de dentro 
para ver o nada de fora,
quando cegos comem peixes
e assim a si mesmos,
estando como estão na treva
como aqueles n’água,
espaço onde nadam como se
nada em nada;
todavia, mesmo videntes,
se não forem artistas,
ignoram que corpos sem vida
dão mais medo ao meio dia,  
o sofrimento a origem de todo medo,
embora temamos a morte mesmo
ela sendo o fim de todo tormento –
um problema insignificante para você
(somente filósofos distraídos leem
poesia), mas, por insondável,
grave como um buraco negro maciço
para um filósofo concentrado, o fato
de leões marinhos, em toda uma vida,
jamais molharem suas belas jubas,
coisa terrível! pense nisso com carinho
e não morra enquanto isso.
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