sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Três poemas de Roseane Murray
...
...
Caros
amigos,
Na noite de
ontem tive oporturnidade de ler para os meus filhos – Bruna, de 12, e Igor, de
8 – um livro infantil que me surpreendeu pela qualidade poética de suas peças.
Trata-se do livro O circo, de Roseana Murray, o qual minha esposa havia
comprado há alguns dias e do qual apresento a seguir as três peças que me mais
me agradaram. Eu ainda não conhecia Roseane Murray, e, dado o teor e qualidade
poética de seu texto – inusuais em textos infantis –, não me surpreendeu o
reconhecimento de seu trabalho na
Internet, incluindo-se aí, segundo o verbete da autora na Wikipedia, o Prêmio da Academia
Brasileira de Letras de melhor livro infantil.
O circo
chegou
De onde vem
esse cheiro novo,
Esse cheiro
de aventura?
E esse
brilho, esse barulho
Embrulhando
a manhã?
Vem de onde,
vem de onde
Essa vontade
de dançar?
Até as
nuvens, ansiosas,
Fazem fila
no céu
Para ver o
que que há:
Foi o circo
que chegou,
Espalhando
na cidade
Um ar de
felicidade.
O anão
O anão
equilibra uma risada
Na palma de
cada mão.
O seu
trabalho é atrapalhar
O palhaço.
O anão
tropeça a cada passo,
E o circo
estremece
Feito bolha
de sabão.
O leão e o
domador
Ao estalar
do chicote,
O leão dá
pinote,
Se encolhe
no picadeiro.
Mas não é
medo o que sente,
Nem é susto:
É saudade, é
tristeza...
Seu coração
ficou perdido
Para sempre
na floresta.
O domador se
orgulha,
Estala a
língua, o chicote,
Se sente
assim, como se fosse
Um rei
todo-poderoso.
Mas o que
ele não adivinha
É que o leão
de verdade
Está longe,
adormecido:
No palco,
quem caminha
É a sombra
do leão.
...
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Templários
...
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quarta-feira, 14 de novembro de 2012
a evocação dos pássaros
...
Era mar
que virou ar
em movimento –
sucessivas notas inter-
rompidas –,
mais e menos,
ao mesmo tempo,
que palavras ao vento:
verbos-de-rosa
não para descrever,
mas para evocar,
auroras.
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sexta-feira, 9 de novembro de 2012
solstício
...
após a dança
da quadrilha
após a
fogueira transformada em cinzas
lumes vagam na
madrugada:
cachimbos de
crack são
fogos-fátuos
na escuridão
crianças, pensa
São João
que
desaprenderam a comemorar
o solstício
de verão
...
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
AntiOccam
...
Frio por
dentro,
ardor ao
redor.
Belo e morno
o compromisso
do possível:
além de
ilusões e esperanças,
o ato
realiza o contato;
entre ilusões
e esperanças,
corta
qual
aço.
...
domingo, 21 de outubro de 2012
pavão
...
sublime apocalipse
se
à omnipresença do voo
a ave visionária
não houvesse optado por
sua omnisciência de cores
– omnibeleza –
mas pela omnipotência dos homens
...
terça-feira, 9 de outubro de 2012
a igreja das duas horas
...
Todas as
madrugadas,
às duas
horas,
o sino dobra
o silêncio
que se torna
solenidade,
som e saudades
de um tempo
só vivido
nos livros.
Todas as
madrugadas,
às quatro
horas,
o sino dobra
a dor do
nada
que é
presença
de tudo o
que não volta.
...
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
afterglow
...
Luto, leito, leite seco:
você oriente, eu ocidente;
reflexo sem luz, eco sem voz;
nada ou letes no centro.
À espera d’ aurora,
a pobreza do breu
ante a sombra d’ ausência
ao crepúsculo,
titã das planícies,
adeus de escuridão ao frágil corpúsculo.
Acre, lúgubre lágrima,
condensação do silêncio
sempre sombrio:
nada sobrou,
sequer soçobrou do naufrágio
a que não se seguiu a deriva da vida.
E que imagem dirá melhor a dor:
a que ilhas daria
nosso nauta natimorto?
Assim a sedução revela-se sedação,
o êxtase, estase,
o ainda, nada,
só afterglow, after all
...
de sua visão
...
De sua visão
– de sua prisão –
vítrea
(vidro
invisível, água invisível),
o peixe beta
ignora a televisão vizinha;
em espelho
próximo, porém,
observa-se a
si próprio
e parte pra
briga:
achamos
graça –
rimos em
família –,
voltamos ao
silêncio a tempo
de assistir
à missa da previsão do tempo
seguida das
últimas notícias do dia –
quedas nas
bolsas, chacinas –,
Dormimos o
sono dos justos,
voltamos à
vigília,
vamos para o
serviço,
sentimo-nos
seguros,
sofisticados,
informados e,
sobretudo,
bem alimentados.
...
o fim da imaginação
...
Da fotografia à imagem digital,
o fim da imaginação e da fantasia:
sonho em preto e branco (quando lembrado)
e memórias estáticas:
custa-me esforço atribuir movimento
à sua face de mármore.
Mesmo as emoções morrem
– ataque cárdia só diante de filmes e fotonovelas –,
ou brutalizam-se em razão de fuga
– escolho não atendê-la ao identificar seu número na bina.
À noite estende-se o leito para retificar espaços curvos:
promove-se o sono,
eterniza-se o tempo
ainda;
desperto, porém, relembro: sua ligação, sonho;
na vigília, eu a atenderia;
quer dizer: aos seus desejos
...
1, 2, 3, árvore do mundo
...
vendaval
uma árvore (outrora fr-
eixo) caiu
crianças brincando de esconde-esconde
entre os galhos de Yggdrasil
sopé
do Morro do José Menino, Santos, 19/10/12
...
o menino e seu barco
...
barquinho a motor em rumo
gestos nervosos
no controle remoto
barquinho de papel à deriva
aceno (ao) incerto
uma despedida
...
fedor
...
terreno baldio
trilhos antigos
detritos
lixo
seringas
cachimbos
camisinhas usadas
carcaças de peixe
seu fedor
a lembrança de seu fedor
a palavra fedor
futuras depurações
...
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
a respiração
...
...
se escolhas
não existem
as
necessidades de uma esposa
a
necessidade de uma esposa
a
necessidade de um poema
que
desacredite o livre-arbítrio
mas não de
um poeta que o conceba
sua beleza
compramos um
beta
no feriado
de sete de setembro
talvez uma
escolha
talvez um
esforço
uma decisão
a escrita
destas linhas
a respiração
os
batimentos do coração
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
sábado, 1 de setembro de 2012
milagre comum
...
Milagre
comum:
a despeito
do nada entre átomos,
espaço onde
andam lúgubres ilusões,
tristezas,
cada toque
concretiza
outrora
espectros,
certa Melancolia
da Matéria,
mãe de si
mesma,
sua cria
a coisa
mais linda
desse mundo.
Só o espaço passa:
as coisas
que se movem no presente,
as coisas
que não se movem no passado,
as coisas
que passarão a se mover
a partir do
movimento derradeiro de outras no futuro.
E resistimos:
comovemo-nos,
amamo-nos, ferimo-nos,
até o
sofrimento é preciso
na economia
da intensidade
mínima de nos
pensarmos despertos,
próximos,
perto de
algo,
qualquer
coisa,
nem que seja
apenas do fim
(acabar o privilégio do que existe).
...
sábado, 25 de agosto de 2012
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
platitude, versão com co-autoria de Pedro Du Bois
...
do contraste
entre a beleza
e o significado
da palavra
platitude
a ironia se destila
para a criação do poema
...
do contraste
entre a beleza
e o significado
da palavra
platitude
a ironia se destila
para a criação do poema
...
platitude
...
do contraste
entre a beleza
e o significado
ordinário
da palavra platitude
alguma
ironia se destila
para a
criação de um poema
...
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
caixa preta
...
...
em
velocidade de cruzeiro
nas
altitudes da pictosfera
queda
para cima
sem chão contra o qual se chocar
e mesmo
assim
o alívio de ter
tudo salvo
dentro de
uma caixa preta
...
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Penélope
......
...
...
na con
fusão
do som do
trânsito
com o som do
oceano
de arranha-céus
com ciclopes
de googles
com Tirésias
de bocas de
crack
com recifes
de sereias
tomar IMAXs
por Ítacas
tomar GPSs
por
sextantes
massacrar inocentes
pretendentes
à Ultimate
Movie Experience
resgatar a
imagem
de Penélope
naufragar
ou seguir
adiante?
.....
estilhaços
...
irrelevância
do
conterrâneo
encontro
do
contemporâneo
ou ânsia
do estilo
da ausência
ou estio
pós explosão
da exposição
rigor!
mortis
e estética
quer dizer
& estética
etc.
...
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
deLete(s)
...
no
omnipresente
presente
passa
o passado
o ultra
passado
que
no futur
o
rizonte
m
de e-ventos
nem mesmo
será
lembrado
...
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