Paciência
O conceito é o tempo da coisa.
HEGEL
A calma da planta:
em vida passada,
a alma de um homem
que encontrou da paz
ciência.
Suas folhas ao vento:
um há deus que não cessa.
Todo aceno um
à solidão solidária dos naveg-
antes – bravos desbravadores
do oitavo mar da saudades.
É o cerzir atlântico,
pacífico,
das ondas do verso
que embalam o
presente do poema,
um metro sereno e
severo, o movimento
da maré da memória.
(O branco da página
não é um nada,
é a soma de todos
os poemas possíveis,
a eternidade impossível [
essa nostalgia],
escre-
vê-la é inscre-
vê-la no tempo, da
poesia ao
pó.
Não fazê-lo, porém.
condena a humanidade
à paralisia da Página Perpétua,
esse horror, esse
Cthulhu kantiano.
[Como os investigadores
de Lovecraft, todo poeta
termina ou morto ou insano.])
Certas circunavegações,
soubem-no as plantas e os Pessoas,
exigem, a título de sacrifício,
determinados tipos de alma.
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