So
Parmenides’s puzzle still remains for names of nonexistent items such as Santa
Claus.
TIM MAUDLIN, The Defeat of Reason
Tudo
é real, certo?
mas
nem tudo é concreto:
por
debaixo do asfalto,
uma
praia se espraia,
de
sóis só reflexos,
de
ondas, ecos.
(Sereias
soterradas.)
Acima
– sacrilégio e progresso
–
um carro percorre as ruas
enquanto
a imaginação perfura
à
procura do mineral das imagens.
Um
outro – ouro outrora estrela
ou
minério de mim –, usar-se-á,
decerto,
para transformar areia
em
cascalho, este em pedras,
pedras
em castelos de cartas
marcadas?
Quem
o
crupiê?
Ainda
se reconhece: do ar poluído
que,
de certo modo, a sustenta,
chegará,
por cadeia imensa
(a
imaginação, terrae incognitae
verdadeira)
aos
dragões pré-históricos
e,
concomitantes e anteriores também,
aos
vegetais que os alimentaram
e
aos abundantemente habitados
arranha-céus,
cujas copas não os
protegeram
do destino mas do sol sim,
não
que tivessem sido Ícaros
(eram
– pobres de espírito – petróleo vivo),
quando
muito alimento para o fogo
daqueles
que descobriram a húbris
(forma
ígnea diversa)
e
daqueles que, do aquém-túmulo,
esgotaram
o combustível até a última gota
ao
tocarem o fogo – sim,
foi
ardente a canção do fim –
na
porra toda.
...
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