enquanto ardo
a conta gotas
preso ao chão
a Voyager se livra de tudo
sol
terra
a 61.000 km/h
o tempo não existe
mas o atrito com o espaço
mata
na unha
impossível ficar parado
mesmo a morte requer gestos
(o fim
um destino
em que se tem que chegar)
se eu fosse o faroleiro de Henryk Sienkiewicz
não escreveria mais poemas sobre solidão
que é uma forma de nada e portanto
uma forma de morte
do que escrevo agora
na escuridão da cidade
mas aqui eu só sou ignorado em minha presença
enquanto lá
lembrariam de mim
e navios afundariam
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