terça-feira, 4 de maio de 2010
cidade voragem
poema baseado no curta-metragem Cidade Reposta, de Márcio-André
a janela
que dá à luz a cidade
também pare corpos
emplastros de carne para ferimentos de pn
eus na pele escura das ruas
corpos que (corpos onde (corpos quando (corpos por quê
embriagados de dióxido de carbono e verticalidade
intuem anterior à urbe uma zona de horizonte
a qual falta gravidade que ancore o concreto à superfície lunar da
a esta altura
estragada maçã de Newtown: big-apple carcomida
por anelídeos turbinados a aço
seus esgotos escrotos e tripas de metrô
sua etérea eletri
cidade enrolada em fios (quinta dimensão habitada por ecos de Zeus)
seu homo-húmus feito de lixo e células mortas
(mas os mortos aguardam sentados em bancos de dados)
até mesmo a morte do dia engravida a noite citadina:
enquanto gatos tocam violinos à sombra
e cachorros procuram seu Simurg nas ruas
-- urânia urina demarcando aos companheiros caminhos pré-percorridos --
a cidade sonha que minhocas a sonham
e que todas as portas levam a um porto
espiráculo no asfalto
(todas as cidades têm portos, ainda que em saudades)
pai de monstros que partem para o mar
devolvendo-lhe nossos sonhos
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