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Abraçamo-nos na chuva fina,
nesta praia cujo nome indígena
teria lugar num poema de palavras e rimas raras,
não aqui, nalgum ponto do litoral norte,
nalgum instante entre o agora do texto
e o tempo em que emergia do mar, deste Atlântico
sempre o mesmo, o primeiro ser a se arrastar solitário,
sem poesia só desejo na areia outrora cascalho.
Mas então um abraço é tudo o que temos,
apesar dos braços cansados.
Por tudo o que perdemos,
por tudo o que perderemos – por todos os espelhos
quebrados em busca do inatingível fundo opaco –,
tornamo-nos cinza com o passar dos milênios,
não sentimos falta de um poente,
desmanchamos na água de onde viemos.
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