segunda-feira, 21 de março de 2011

poema de Ricardo Aleixo, extraído do blog Modo de Usar & Co., com introdução de Ricardo Aleixo, escrita originalmente para a tradução do poema Monovolume: liberdade em ângulo, de Hans Magnus Enzensberger, para ser lida como introdução de Fábio Romeiro Gullo ao poema Paupéria Revisitada de Ricardo Aleixo

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Este poema não é meu. (...)Este é um poema que decidi postar no meu blogue. Este poema agora é meu. Este é um poema que você está lendo como se fosse seu. Este poema é seu.



Paupéria Revisitada


Putas, como os deuses,
vendem quando dão.
Poetas, não.
Policiais e pistoleiros
vendem segurança
(isto é, vingança ou proteção).
Poetas se gabam do limbo, do veto
do censor, do exílio, da vaia
e do dinheiro não).
Poesia é pão (para
o espírito, se diz), mas atenção:
o padeiro da esquina balofa
vive do que faz; o mais
fino poeta, não.
Poetas dão de graça
o ar de sua graça
(e ainda troçam
na companhia das traças
de tal “nobre condição”).
Pastores e padres vendem
lotes no céu
à prestação.
Políticos compram &
(se) vendem
na primeira ocasião.
Poetas (posto que vivem
de brisa) fazem do No, thanks
seu refrão.

[de Máquina zero, 2004]
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