sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

soterrado





so

terrado por objetos

(feng-shui de barraco)

ofuscado

sufocado

(luz incandescente,

ar) condicionado

Iludido (ilusões são formas de verdade)

por raios refundidos em feixe no forno das lentes

(de contato)

há sempre uma película

um filtro (de photoshop)

uma mixagem (de protools)

novas imagens construídas pela máquina engenheira tecnologia

novas sensibilidades

novas verdades

(não existem mentiras)

que tornam o visceral natural

(banho de mar

sexo sem camisinha)

cada vez mais apático

cada vez mais experiência para seres de carne osso miséria

pobres

poetas





quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

posto





novos templos

e um armazém de energia líquida

ali, no posto de abastecimento do bairro novo

ao abrigo de um excesso de água ofendida

(deus que o Capitalismo não aplaca)

à espera do transporte que me leva

de urbe a outra

a cidade se deixa observar, circula

a energia vira palavras, transmuda



terça-feira, 26 de janeiro de 2010

correntes






um sorriso no cristal líquido

não é líquido

uma soma de lembranças

não é líquida

um narciso num vaso

não é líquido

o som do mar em mp3

não é líquido



o líquido escorre

mas também evapora



correntes de ar frio

ainda nos prendem em cruzares de braços

às vezes abraços



palavras secas





hoje

sugere palavras secas



claro: Cabral vem à mente



espere as palavras -- facas feitas com penas – como espera as pessoas

com paciência

espere das palavras o que espera das pessoas

(as pessoas são poemas encapados em pele)



amanhã

surgirão palavras úmidas

sopradas ao pé do ouvido pelo Oceano vizinho



descalço, sinto o piso frio

ainda pedra

só pedra





segunda-feira, 11 de janeiro de 2010






brevidade






praias desertas







maravilhar-se com o mar,


encantar-se com seu canto.


que alguém o escute e reflita,


mera anomalia do acaso.


o mar terá sempre entoado


apenas para pedras em praias desertas.




terça-feira, 5 de janeiro de 2010

estio em são paulo







circular

sanguíneo

as faces passam

não páram

mas olhares

empréstimos de luz que não se devolve

revelam einstein e

no estio

o desejo de que os vidros se embacem

outra vez

e chovam sombras nas solidões




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