share no bill

foi à luz do fogão

difundia

que o ato se consumou

consumindo gás e inocência

(à guisa de radiação

não havia energia)

o que restou da carne

deu para matar a fome

e a sede

contraponto

com água gelada

como de cães

o coito na madrugada

embora os olhos

é a boca que a

trai

prótese

desmontável

protético

impenetrável

o manequim

não pode ser

particula

rizado

(plástico é

plástico)



melhores ventríloquos

a TV e o rádio

fazem companhia àqueles

que maqueiam os manequins

e

na falta de luz

sentem que ausências se instalam

e os elevadores descansam

na solidão das escadas

o que

nós

seres (de) sentidos

sabemos que os cegos (não) escrevem (sobre) a escuridão

sabemos que os surdos (não) falam (sobre) o silêncio

porque (só) conhecem essas faltas

porque (não) as conhecem

porque (não) as temem

(sobre) o que

(não) escrevemos

(sobre) o que

(não) falamos

o que

conhecemos (por inteiro)

o que

(não) tememos

π

usar carvão

para escre

ver

a

trev(id)a

trans

lúcida

trans

(o)cedental

i(r)ra

cio

(a)nal

oceânica

pup

πla

da gravidade

a morte cega

não porque seja treva

mas porque seja luz

intolerável

espera

(qual esperança)

essa morte que escorre

do centro

onde (apenas lá)

está (flutua)

futura

(além) da gravidade

dos corpos com massa

desta terra pesada

(cosmoclaustro

também ela resto de astro)