quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Cinza




você pode escolher se a tarde está vazia;

 

ela jamais o está por inteiro.

 

embora seus sons tendam 

ao silêncio 

sensível, dentro de ti ela ressoa em secreta apatia,

fértil forma de um nada

que é a fonte comum e sem fim

de todo sentimento.

 

se chovesse seria fácil:

falaria do frio e a tudo estenderia a neutralidade do cinza.

 

mas,

qual ser divino,

o sol se faz e torna difícil 

ficar  

e lembrar 

em palavras este leve sentimento de sempre,

que assim,

involuntariamente,

alonga estas linhas no quase vazio de uma tarde em que não há totais escolhas, 

quando muito, 

o sonhado estio de toda a existência.




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